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Sofia Santos

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Sofia Santos
Sofia Santos
Sofia Santos no papel de "Tia Efigénia" no filme A Canção de Lisboa (1933)
Nascimento 31 de agosto de 1869
Lisboa
Morte 21 de maio de 1945 (75–76 anos)
Lisboa
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Progenitores
Ocupação atriz
Assinatura

Maria Sofia dos Santos Gomes (Lisboa, 31 de agosto de 1869 — Lisboa, 21 de maio de 1945) foi uma atriz portuguesa.[1][2][3]

Sofia Santos nasceu a 31 de agosto de 1869, em Lisboa, na freguesia de São José, sendo filha natural do dramaturgo e jornalista viúvo Manuel Domingues dos Santos e da atriz Maria do Céu e Silva, solteira, tendo sido baptizada em casa por perigo de vida, sem nunca ter sido efetivamente baptizada numa igreja, única forma de registo de nascimento, à época. Foi legitimada pelo subsequente casamento nuncupativo dos seus pais, ocorrido a 22 de abril de 1887. Tinha uma irmã mais velha, Maria Clementina Augusta dos Santos, que foi brevemente atriz e um irmão mais novo, Augusto Abel dos Santos.[4]

Sofia Santos aos 47 anos (Álbum teatral, 3.º volume, Biblioteca-Arquivo do Teatro Nacional D. Maria II, 1916).

Começou a representar aos 16 anos, em Beja. Estreou-se aos 17 anos, em 1886, no extinto Teatro dos Recreios, na comédia Maridos Que Choram, tradução de Maximiliano de Azevedo da peça francesa Maris qui pleurent, com a empresa de Salvador Marques. Quando o Teatro dos Recreios foi demolido, passou para o Teatro do Rato, depois Teatro da Alegria, Teatro Avenida, Teatro da Rua dos Condes, Teatro Gymnasio, Teatro da Trindade e Teatro São Luiz, fazendo de preferência desde muito nova, papeis característicos.[1][5][6]

A 21 de dezembro de 1899, aos 30 anos, casou na Igreja de Nossa Senhora da Pena, em Lisboa, com o músico António Luís da Cunha Gomes, natural do Porto, com quem esteve casada até à sua morte, sem deixar descendência.[7]

Foi exímia na opereta, na ópera cómica, na farsa e no vaudeville, géneros onde mais se destacou e trabalhou. Do seu repertório teatral, constam as seguintes peças: A regateira, As glândulas de macaco, A viúva alegre, A princesa dos dólares, O Perfume, Comissário de Polícia, A Bisbilhoteira, É pr'a já!, Valsa d'amor, O burro do senhor alcaide, O beijo, A casta Susana, A duquesa do Bal-Tabarin, Mademoiselle Trá-lá-lá, O mercado das donzelas, A leiteira de Entre Arroios, A moreninha, Maridos alegres, Zilda, O milagre da aldeia, A prima inglesa, Benamor, A última valsa, Rato de hotel, Roma galante, Mam'zelle Nitouche, Paganini, Bairro Alto, Soldado de Chocolate, Maria Rapaz, El-rei Soviet, O ás do cinema, A princesa do circo, A gandaia, O comboio-fantasma, Amo uma actriz, Eva, Cachopas de Barcelinhos, O casto José, O deitar da noiva, Flor de liz, Maria Rita (Lágrimas de La Triné), Ó Costa vai-te matar!, O rei dos fadistas, Venha a nós, O menino virtuoso, O pateta alegre, Sonho de valsa, O rei Paulino, etc. Em 1909 desempenhou com grande sucesso um monólogo em verso no Teatro Circo do Príncipe Real, em Coimbra.[3][6][8]

Sofia Santos e Vasco Santana em cena da peça O milagre da aldeia (1923).

Trabalhou com a Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, Companhia de Opereta Palmira Bastos-José Ricardo, Companhia Gomes e Grijó, Companhia de Opereta Armando Vasconcelos, Companhia Ester Leão, Companhia Hortense Luz, Empresa Luís Galhardo, Empresa Irmãos Ferreira, Empresa José Loureiro, Empresa Macedo e Brito, Empresa Ricardo Covões, Companhia Auzenda de Oliveira-Sales Ribeiro, Companhia do Teatro da Trindade, Companhia Portuguesa de Opereta e Ópera Cómica, Companhia de Opereta Artistas em Sociedade e Companhia Artistas Socializados. A companhia de Armando Vasoncelos ofereceu-lhe uma festa artística, a 11 de maio de 1922, com a opereta A Boneca, em que representou um papel cómico-modelo. Em 1923, J. Laranjeira chamou-lhe "imperatriz das características". Além de temporadas no Porto, fez digressões ao Brasil, Espanha e Províncias.[3][6]

Sofia Santos no papel de "Tia Efigénia" no filme A Canção de Lisboa (1933).

Despediu-se dos palcos com a opereta O fado, estreada a 4 de abril de 1942 no Coliseu dos Recreios e terminada um anos depois, no Coliseu do Porto.[3]

António de Sousa Bastos, na sua obra Carteira do Artista: apontamentos para a historia do theatro portuguez e brazileiro (1908), refere acerca da atriz: "Tem estado diversas épocas desempregada, mas sempre representando com amadores para angariar os meios de subsistência. Foi uma filha extremosíssima; trabalhou sempre para ocorrer às necessidades de sua família; foi uma dedicada enfermeira de pai e mãe; é igualmente uma irmã modelo. Com tão raras qualidades a sorte não a tem bafejado; outras com muito menos valor têm feito melhor carreira."[5]

O seu talento ficou ainda impresso no cinema português, tendo-se estreado no filme mudo A Viúva Alegre (1909), de Alberto Moreira, ao lado das atrizes Auzenda de Oliveira e Cremilda de Oliveira, seguindo-se Mal de Espanha (1918), de Leitão de Barros, onde representou a personagem "Atanásia", ao lado do ator Joaquim Costa, Os Faroleiros (1922), de Maurice Mariaud e A Castelã das Berlengas (1930), de António Leitão. Já em filme sonoro, participou nos filmes Aldeia da Roupa Branca (1939), de Chianca de Garcia, O Pai Tirano (1941), de António Lopes Ribeiro, Amor de Perdição (1943), de António Lopes Ribeiro, onde representou uma "Prioresa de Viseu" e O Violino do João (1944), de Braz Alves. No entanto, o seu papel mais conhecido na tela portuguesa é, sem dúvida, o de tia de Vasco Santana, juntamente com Teresa Gomes, no filme A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo.[1][2][6]

Faleceu a 21 de maio de 1945, aos 75 anos, no número 5 da Rua da Vinha, freguesia de Mercês, no Bairro Alto, em Lisboa, onde sempre viveu, vítima de arteriosclerose. Encontra-se sepultada no Cemitério dos Prazeres, na mesma cidade.[9]

Referências

  1. a b c Nascimento, Guilherme; Lopes, Frederico; Oliveira, Marco. «Cinema Português: Sofia Santos». CinePT-Cinema Português 
  2. a b «Sofia Santos». IMDb 
  3. a b c d «CETbase: Ficha de Sofia Santos». ww3.fl.ul.pt. CETbase: Teatro em Portugal 
  4. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de São José (1885 a 1888)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 65 verso-66, assento 23 
  5. a b Bastos, António de Sousa (1898). «Carteira do Artista: apontamentos para a historia do theatro portuguez e brazileiro» (PDF). Unesp - Universidade Estadual Paulista (Biblioteca Digital). pp. 313–314 
  6. a b c d Esteves, João; Castro, Zília Osório de (dezembro de 2013). «Feminae: Dicionário Contemporâneo». Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. p. 707 
  7. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de Pena (1899)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 39 verso, 40, 40 verso, assento 60 
  8. Baptista, Jacinto (1965). O Cinco de Outubro. [S.l.]: Arcádia 
  9. «Livro de registo de óbitos da 7.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (01-01-1945 a 14-06-1945)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 176, assento 349 
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